quinta-feira, 25 de julho de 2013

Substituindo SVN por Git

Após alguns anos trabalhando com ferramentas de controle de versão centralizado, como StarTeam e Subversion (SVN), e já tendo feito algumas experiências com Mercurial e Git, usando BitBucket e GitHub como repositórios remotos, decidi iniciar um novo projeto usando Git, no entanto configurando meu próprio repositório remoto.

Numa empreitada como esta, três desafios normalmente precisarão ser superados:

  1. Configurar um repositório remoto e um repositório local e colocá-los para conversar educadamente. Essa tarefa é bem fácil e detalho mais adiante.
  2. Convencer os membros da equipe, acostumados com a comodidade do TortoiseSVN e com um processo de commit mais simples, que Git irá facilitar a vida deles, não o contrário. Isso também não será difícil, e há um modo suave de se fazer essa transição, que apresentarei a seguir.
  3. Convencer a empresa a aceitar os riscos de substituir o já conhecido SVN pelo Git, ainda que apenas num primeiro projeto. Isso será um pouco mais difícil, mas há algumas alternativas, caso isso não possa ser feito.

Para solucionar o primeiro problema, basta seguir este simples script:

  • Instale o Git, ou "GitHub for Windows", no servidor que será usado como repositório remoto.
  • No servidor onde o Git foi instalado, escolha uma pasta para hospedar o repositório remoto.
  • No Git Shell, navegue para a pasta escolhida e inicialize o repositório remoto com "git init --bare".
  • Instale o Git, ou "GitHub for Windows", em uma estação de trabalho.
  • Nessa estação de trabalho, escolha uma pasta para hospedar o repositório local.
  • No Git Shell, navegue para a pasta escolhida e inicialize o repositório local com "git init".
  • Monte dentro desse repositório a estrutura de pastas para o projeto.
  • Adicione a estrutura do projeto no git com "git add .".
  • Comite os arquivos recém adicionados no git, com "git commit -m 'Primeiro Commit'"
  • Configure o repositório remoto a ser usado pela estação de trabalho com "git config remote.origin.url endereço_do_repositorio_remoto".
  • Envie seu primeiro commit para o repositório remoto com "git push origin master"
  • Concluído. A partir agora você já poderá usar seu repositório local enviando os commits para o repositório remoto.
Para convencer a equipe a ao menos experimentar o Git, pode ser necessária muita conversa sobre as diferenças entre sistemas de controle de versão centralizados e distribuídos.

Apresentar a eles o "Git Game"  também pode ser útil.

No caso de equipes acostumadas a não usar ferramentas de linha de comando, esta será provavelmente a principal barreira. Para isso há duas ferramentas, em ambiente Windows, que podem ajudar. A primeira seria o TortoiseGit, semelhante ao provavelmente já conhecido TortoiseSVN, e a segunda o "GitHub for Windows". Quando trabalho com SVN, utilizo o TortoiseSVN, no entanto nas experiências que já fiz usando o GitHub usei o "GitHub for Windows", e esta será a ferramenta que usarei neste novo projeto.

Fica claro, pelo que disse acima, que o "GitHub for Windows" pode ser usado sem problema com repositórios remotos que não sejam repositórios do GitHub. Phil Haack, desenvolvedor da ferramenta, já falou sobre isso, no entanto utilizando um outro provedor de repositórios remotos, no caso o CodePlex. No nosso caso, precisamos usar o "GitHub for Windows" com um repositório remoto disponível na nossa intranet.

A configuração desse repositório remoto já foi feita acima, e sua utilização com o "GitHub for Windows", não poderia ser mais simples. Basta arrastar o repositório local, já configurado para enviar os commits ao nosso repositório remoto, para dentro da janela do "GitHub for Windows" e clicar no botão "Publish". A partir dai o botão "Sync" ficará disponível e poderá ser usado para sincronizar o repositório local com o repositório remoto. O uso dessa ferramenta pode tornar a aceitação do Git pela equipe bem mais simples.

Já para o terceiro desafio, o processo de convencer a empresa a experimentar o Git pode ser o mesmo usado com a equipe, ressaltando principalmente os ganhos de produtividade devidos a melhor performance e a maior segurança caso um desastre aconteça com o repositório remoto.

No entanto, caso a empresa se mantenha relutante, nada impede o uso misto de Git e SVN. Para isso pode ser usada a ferramenta "git svn", ou simplesmente usar um repositório local Git, e ter todas as vantagens que esse repositório local oferece, como a possibilidade de fazer vários commits, reverter alguns deles e "reordená-lo" antes de enviar ao repositório remoto, e um repositório remoto SVN, sendo sincronizado com o repositório local do modo tradicional. Ou seja, você trabalha localmente com Git até que seu código esteja em condições de ser compartilhado com a equipe, e nesse momento faz esse compartilhamento através de SVN, normalmente. Obviamente que com essa última abordagem, assim como com o uso de "git svn", muitas das vantagens do Git serão perdidas, mas ao menos você poderá fazer uso de parte delas.