segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Nada substitui o lucro

Se você é um programador apaixonado pelo que faz, já deve ter sofrido bastante ao ver seus chefes, coordenadores, gerentes, ou patrões ignorando questões técnicas de suma importância, para você, como a manutenção de um código fonte de qualidade por exemplo, para viabilizar o cumprimento de um prazo ou algum requisito contratual. Isso é realmente frustrante e deve lhe fazer reclamar bastante pelos corredores e reconsiderar sempre a possibilidade de mudar de emprego, certo?

Não adianta. Onde quer que vamos estamos sempre sujeitos a isso. Você pode até mesmo encontrar uma empresa bacana de se trabalhar, onde os valores técnicos são tão considerados quanto os valores gerenciais, mas se de repente essa empresa entra em crise, rapidamente começaram as demissões, estagiários brotando do chão, agilidade sendo substituída por métodos tradicionais e a qualidade sendo deixada novamente em segundo plano.

Nada substitui o lucro, e isso é algo que você desenvolvedor, por mais bem intencionado que esteja, por mais profissional que seja, e por mais comprometido que se mantenha com a qualidade do código que escreve, não deve deixar de considerar. E não veja isso como algo ruim, ou errado. De fato nada substitui o lucro. Nenhuma empresa é constituída com o objetivo de criar o melhor software se isso não for apenas um meio de levá-la ao lucro. No fim, o que toda empresa busca é o lucro. 

Como então criar software de qualidade se o que interessa à empresa para a qual você trabalha é apenas lucrar? Se um software porcamente feito for mais lucrativo, é isso que a empresa irá lhe demandar, certo? Nem sempre. Cada organização tem seus valores, e muitas já reconhecem que produto de baixa qualidade uma hora ou outra se reverterá em prejuízo. Mas se esse não for o caso da empresa em que você trabalha, não entre numa guerra por interesses que deveriam ser daqueles que lutam contra. Faça sua parte, coloque qualidade no que você faz, na medida em que for possível, e não seja perfeccionista demais, seja mais pragmático. Aprenda também a aceitar que muitas vezes o nível de qualidade necessário será muito inferior ao melhor que você tem capacidade de entregar. Entenda os objetivos do projeto, compartilhe deles, e dentro desse limite, faça o seu melhor.


segunda-feira, 14 de outubro de 2013

5 segredos para um propósito compartilhado

Um dos pré-requisitos para um trabalho em equipe saudável e eficiente é sem dúvida ter um propósito compartilhado pela equipe. Abaixo listo 5 segredos elencados por Christopher Avery para facilitar esse objetivo.
1. Estabelecer um entendimento compartilhado:
Discuta cada tópico, a missão, os entregáveis, e o produto do trabalho de sua equipe, até que possam articular juntos uma descrição clara e comum de seu propósito.
2. Selecione sua equipe por sua motivação, não por suas qualificações.
Se trabalho em equipe é importante para você, olhe para as qualificações apenas após considerar diretrizes, energia, interesse, motivação e entusiasmo, por que é um desejo compartilhado, não taleto, que gera trabalho em equipe.
3. Aceite, de uma vez por todas, que colegas de equipe não precisam gostar uns dos outros.
Encorajar afinidade para uma tarefa compartilhada, não para um com o outro, é a maneira mais rápida e certa de criar forte coesão no grupo. Ao invés de usar exercícios e técnicas que promovam a amizade, faça todos adotarem um foco comum de modo que cada membro da equipe veja boas razões para trabalhar um com o outro.
4. Pare de tentar motivar.
Por que tentar motivar outras pessoas quanto isso é quase impossível? Ao invés disso, use a motivação que já existe nos membros da equipe perguntando a eles sobre suas necessidades e desejos.
5. Determine se seu time está "construído".
Um time "construído" compartilha direcionamento e energia. Para atingir esse status para seu time, coloque sua fundação bem cedo perguntando a você mesmo uma variedade de importantes questões. Qual é a tarefa da equipe? Qual o benefício para cada membro da equipe ao se comprometer com esse trabalho? Há acordos que permitam à equipe operar mais rapidamente e eficientemente? Os membros da equipe compartilham um objetivo comum que os inspire? Você sabe o que cada membro da equipe agrega ao time?

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Você não pode ganhar todas

Muitas foram as vezes em que me frustrei ao tentar convencer a outros, em especial quando eram superiores hierárquicos, a adotarem uma solução proposta por mim. Na maioria das vezes, diante de um problema, o que eu fazia era elaborar a melhor solução que eu fosse capaz, analisava cada detalhe, não deixava nada de fora, e por fim apresentava aos interessados, muitas vezes nem tão interessados assim, um solução única. Obviamente não era uma solução perfeita, mas já era uma solução bastante questionada e analisada.

O resultado disso, na maioria das vezes, era uma rejeição com base em argumentos mal fundamentados, mal pensados, que não consideravam todo o contexto, que dava importância a fatos irrelevantes e desconsiderava os fatos realmente importantes. Obviamente esse tipo de rejeição é bastante revoltante. No entanto, isso é bastante comum de se ver em situações como essa. Mas há justificativa.

Muitas vezes nós de fato não demos os pesos certos aos fatores considerados, ao menos não segundo a ótica dos demais interessados. Outras vezes não temos todo o domínio do contexto, não conhecemos todos os fatos que serão considerados pelos tomadores de decisão. E outras vezes o tomador de decisão simplesmente erra feio mesmo. O fato é que não podemos ganhar todas. Perderemos muitas. Por motivos legítimos ou por motivos idiotas. Mas essa é a realidade.

Diante disso, já há algum tempo mudei minha tática e ao invés de me focar em obter uma única melhor solução para os problemas que me dedico a resolver, passei a elaborar e propor várias. Na maioria das vezes nenhuma delas trará o melhor resultado de imediato, muitas vezes deixaram a desejar, mas todas elas resultarão em uma realidade melhor que simplesmente continuar convivendo com o problema.

E o que observei com essa mudança de comportamento foi que agora vejo boa parte das minhas propostas sendo colocadas em prática, ainda que muitas delas continuem sendo rejeitadas por uma razão ou outra. Diante de problemas que sei ser capaz de ajudar a resolver, vejo pequenos avanços sendo dados, pequenas ideias sendo implementadas e fazendo a diferença.

Se você é uma pessoa pró-ativa como eu e que não consegue ficar inerte diante de um problema passível de solução, não tente elaborar uma solução fantástica que mudará a realidade para sempre. Pense em pequenos avanços, proponha pequenas mudanças, e proponha muitas delas. Se você for mesmo bom no que faz, aquelas que forem aceitas já poderão tornar a realidade um pouco melhor e lhe darão credibilidade para que seja ouvido novamente no futuro.